quarta-feira, 2 de novembro de 2011

DESLIZES




Imagem Google

Conheço este jeito escorregadiço
De quem faz promessa e não cumpre,
Conheço esta cara de quem sabe a porta,
Mas guarda as chaves em segredo,
Conheço as paredes que me cercam.
Sei deste jeitão de mar revolto,
Inconstante como as marés...
Se nas calçadas converso com sapos,
Dissimulado, invocas as estrelas,
Premeditando fatos e prevendo efeitos.
Pudor... Talvez pouco ou nenhum!
Já nem me surpreende o asco do riso,
Nem o horror da espantosa sanidade
Que vestem minh’alma...
Não te guardo rancor e perdôo
A insanidade do teu egoísmo,
Tua é a loucura do seguir sozinho
No escuro, nas pedras, nos musgos,
Nas noites interiores...
Nada entendes de coisas da alma
Muito menos de brilho de estrelas,
Não sabes, sequer, de pirilampos!
És só um menino pequeno e frágil,
Menor que flor de miosótis,
Mas não menos belo e doce por isto...
Só não devias arrastar contigo
O brilho de todas as estrelas
E, inconseqüente, povoá-las
Com os teus irritantes deslizes.

Ceiça Lima.




Nenhum comentário:

Postar um comentário