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O calor estava insuportável e tudo a incomodava, o soultien, naquele momento, fazia-se instrumento de tortura. Arder na fogueira parecia castigo suave. Não via a hora de livrar-se daquela abominável peça de vestuário...
Ainda faltava muito para chegar a casa, arrancar tudo aquilo e correr para o banho... Eis que surge um pensamento: “ -Tiro o soultien, coloco-o na pasta de documentos e tenho alívio desta agonia!”. E logo ela se dirige ao banheiro do escritório e lá executa o plano! Ufa! Viva a liberdade!
O dia prossegue normalmente e a noite chega como um presente dos deuses: depois de um banho quente e um jantar gostoso: CAMA! Exausta ela dorme profundamente desta feita, quem vai se lembrar do tal soultien dentro da pasta?
Na manhã seguinte, ao meio dia, acorda com o toque do telefone... É seu aniversário e o filho a espera na portaria do prédio para irem almoçar juntos... Droga, ela havia se esquecido deste detalhe... Pede para que o filho espere alguns minutos e num passe de mágica consegue estar pronta em 20 minutos.
Quando se dirige à porta eis que a campainha toca. Abre a porta rapidamente pensando ser o filho... Caramba, os documentos do dia anterior, Seu Carlos veio buscá-los, ainda bem que ele a encontrou em casa.
“- Entre Seu Carlos, vou pegar seus papéis, aguarde um instante, por favor...” e sai em direção ao quarto, pega a pasta preta onde guarda os documentos, dirige-se à sala, coloca a pasta sobre a mesa, abre o zíper e...
Lá está o soultien! O abominável instrumento de tortura agora a coloca numa situação para além de constrangedora... Não há mais o que se fazer... É fato! O moço já vira mesmo aquele abjeto... Pega a ignóbil peça, olha incrédula para o homem e diz:
” - Com licença Sr. Carlos, vou guardar isto...”
Ao que ele, reticencioso, responde:
“- Ah tá... Fique a vontade... Eu não vi nada mesmo...”
A natureza realmente é sábia e perfeita, entretanto a lei da gravidade não deveria ser tão imperativa, desta forma os soultiens jamais teriam sido inventados...
Ceiça Lima
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